Vizinho exemplar


Iuri Pitta
Revista Quatro Rodas – 08/2009

A cada 100 carros que deixam de circular no Brasil,só 1,5 tem destinação adequada. Com tal índice, falar em reciclar automóveis parece distante,mas não é preciso ir longe para se inspirar em um modelo bem-sucedido. Basta ver como os argentinos estão tratando com o devido cuidado da aposentadoria de seus veículos. 

Existem 29 centros legalizados de reciclagem. Eles nasceram após a edição de uma lei feita para coibir o roubo de carros. No auge da crise político-econômica de 2002, elevou-se a criminalidade drasticamente:30% dos homicídios eram ligados ao roubo de veículos. “Em 2000 havíamos feito um primeiro projeto de reciclagem, mas foi rejeitado porque as seguradoras temiam a máfia dos desmanches ilegais”, afirma Fabian Pons, diretor do Cesvi Argentina e responsável pelo centro que é referência no país. “A lei foi uma solução para um problema social e também trouxe ganhos econômicos e ambientais.” 

Todo ano o Cesvi Argentina recebe cerca de 2 200 carros condenados, vindos de oito seguradoras, que recebem 40% da receita obtida. Cada veículo é descontaminado e tem até 15 tipos de peças recuperadas. “Só usamos a carroceria e a mecânica motriz”, diz Pons. Partes ligadas à segurança, como freios e suspensão, são enviadas para empresas que podem reaproveitar o material, assim como pneus (usados na produção de cimento) e fluidos (queimados em caldeiras). Os 1,5 milhão de dólares aplicados tiveram retorno em 30 meses e, em setembro, será aberta uma filial. Que bons ventos tragam sementes dessa ideia para o nosso lado da fronteira. Para se tornar realidade a reciclagem de carros brasileiros, é preciso não só lei específica, mas incentivo fiscal e ações por parte das empresas do setor automotivo, segundo o diretor de operações do Cesvi Brasil, José Aurélio Ramalho. “Poderia haver uma apólice popular que preveja o uso das peças recicladas no reparo dos veículos”, diz.  

VEJA QUADRO: Reciclado é mais barato

ESTIMULO 
Para se tornar realidade a reciclagem de carros brasileiros, é preciso não só lei específica, mas incentivo fiscal e ações por parte das empresas do setor automotivo, segundo o diretor de operações do Cesvi Brasil, José Aurélio Ramalho. “Poderia haver uma apólice popular que preveja o uso das peças recicladas no reparo dos veículos”, diz.

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