Empresa desenvolve linha de painéis solares flexíveis e portáteis



A energia solar já mostrou que é uma alternativa eficiente e sustentável a outras formas de energia, especialmente aos combustíveis fósseis. Mas apesar de suas vantagens, esse modelo de captação de eletricidade ainda possui muitos problemas, como o alto custo e a necessidade de um espaço apropriado para a sua instalação. Para reverter essa situação, uma empresa lançou uma linha de painéis solares mais finos, leves e flexíveis, capazes de se adaptar a diversos tipos de construção.


Os painéis foram desenvolvidos pela Power Film Solar e podem ser integrados ao projeto arquitetônico da construção graças à sua tecnologia feita com placas solares flexíveis, duráveis e de baixo custo. Medindo cerca de 0,025 milímetros de espessura, esses painéis usam apenas 1% do silício utilizado em outros painéis e são livre de cádmio.

A companhia já utiliza essa tecnologia desde 2005 em aplicações militares e agora está investindo no uso desses materiais em outros produtos. De coberturas metálicas até barracas de lona, os fabricantes garantem que o painel pode ser aplicado em qualquer superfície. A energia gerada pelas placas solares é armazenada em baterias locais e convertida em correntes elétricas que poderão ser utilizadas diretamente na iluminação local ou em outras aplicações.

Outras aplicações da tecnologia foram feitas em produtos menores e portáteis, como carregadores de baterias, celulares, computadores e outros gadgets. As células fotovoltaicas são aplicadas em espécies de tapetes capazes de gerar até 60 Watts de eletricidade e que podem ser enrolados e transportados para qualquer lugar.

Ao todo, são quatro linhas de produtos que incluem carregadores portáteis, geradores em larga escala, coberturas de construções e até produtos customizados. Os produtos estão disponíveis em diversos países, como Estados Unidos, Turquia, Reino Unido, Canadá, entre outros. Os produtores não informaram os preços nem se realizam vendas para o Brasil, mas os interessados podem buscar mais informações no site da empresa ou pelo e-mail jstone@powerfilmsolar.com

Fonte: EcoDesenvolvimento

Resíduo da extração de areia é aproveitado em cerâmica


A mineração de areia e de argila são essenciais para a construção civil e para o crescimento das cidades. Mas a atividade geralmente tem grande impacto ambiental. Por isto, qualquer melhoria em uma delas pode diminuir esses impactos e eventualmente diminuir custos para a construção de moradias.

Por exemplo, a extração de areia para construção civil normalmente gera quantidades consideráveis de argila, que é deixada em locais próximos às jazidas sem passar por nenhuma espécie de aproveitamento.

Agora, usando os resíduos de uma mineradora em Guarulhos, na Grande São Paulo, uma pesquisa da Escola Politécnica (Poli) da USP propõe a utilização dessa argila rejeitada para a produção de peças de cerâmica vermelha, como blocos estruturais e telhas.

Como é obtida a areia

A obtenção da areia é feita por meio de desmonte hidráulico, com jatos de água. "O material descartado é levado para tanques de decantação, que normalmente são cavas de mineração desativadas aproveitadas para a formação de barragens", conta o geólogo Edílson Pissato, autor da pesquisa.

A argila representa de 30% a 40% do material bruto que passa pelo desmonte. "Apesar do resíduo não ser tóxico, há o risco de as barragens se romperem, atingindo áreas de preservação, o que pode provocar problemas ambientais."

O aproveitamento da argila foi testado em peças cerâmicas. "Os ensaios demonstraram que o material é mais indicado para a produção de cerâmica vermelha, em peças como telhas e blocos estruturais, além de tijolos maciços e furados", explica o geólogo. Parte dos testes com as peças aconteceu em um laboratório especializado do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), em Itu (interior de São Paulo).

Sustentabilidade ambiental da mineração

O geólogo estima o volume de argila disponível na mineradora pesquisada em 3,8 milhões de metros cúbicos. O aproveitamento dos resíduos permite aumentar a sustentabilidade ambiental da extração, aumentando ainda a vida útil das jazidas.

"A sociedade passa a ter um material que era inservível à disposição, o que irá reduzir o impacto no meio ambiente a longo prazo", afirma Pissato. Também é possível relavrar os resíduos. "Com o reaproveitamento, a extração nas cavas pode ser mantida, sem precisar descartá-las devido ao acúmulo de material inerte".

De acordo com o pesquisador, a expansão urbana da Grande São Paulo reduziu a quantidade de locais de mineração de areia, pedra britada e argila, que possuem boa disponibilidade no substrato geológico local. "Apesar de serem materiais de preço relativamente baixo, eles precisam ser transportados de locais distantes até 200 quilômetros da região metropolitana, encarecendo muito seus custos", alerta.

Os resultados da pesquisa foram encaminhados à mineradora estudada, que colaborou com a realização dos ensaios cerâmicos, e também serão levados à prefeitura de Guarulhos. "A ideia é que a questão das mineradoras possa ser incluída nos futuros planos diretores da cidade", diz o geólogo, que atua na Secretaria de Meio Ambiente do município, onde atualmente funcionam três mineradoras de areia, que produzem aproximadamente 200 mil metros cúbicos anuais.

Sequenciado genoma da levedura produtora de etanol

Pesquisa feita na Unicamp conclui sequenciamento genético de levedura utilizada na produção de etanol, o que poderá dar novo impulso à fabricação do biocombustível no país.[Imagem: Gonçalo Pereira]


Processo de fermentação

Cientistas do Instituto de Biologia (IB) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em parceria com colegas da Universidade de Duke, nos Estados Unidos, concluíram o sequenciamento genético da levedura Saccharomyces cerevisiae, conhecida como Pedra 2.

A levedura é utilizada em cerca de 30% da produção do etanol brasileiro. Enquanto a Saccharomyces cerevisiae consome o açúcar, ela se multiplica, formando outras células, ao mesmo tempo que libera gás carbônico (CO2) e o etanol, um álcool. Esse processo é conhecido como fermentação.

Guerra biológica e química

O estudo, que foi publicado na revista Genome Research do mês de outubro, abre novas perspectivas para a produção de etanol no país, de acordo com seus autores. Com o mapeamento do genoma da levedura, os pesquisadores conseguiram decifrar o mecanismo de ação do microrganismo.

Segundo um dos autores do artigo, Gonçalo Pereira, a Pedra 2 tem uma capacidade impressionante de se modificar e se adaptar às condições adversas durante o processo de fermentação.

"Essa levedura, como organismo experimental, é muita estudada. Mas pouca pesquisa foi feita em relação à produção de etanol nas condições da usina. O que acontece no processo produtivo é uma verdadeira guerra biológica e química. E esse fenômeno foi descoberto, relativamente, há pouco tempo", disse Pereira.

Trabalhos genéticos

Segundo o professor da Unicamp, essas leveduras foram selecionadas para "trabalhar" nas indústrias de cana-de-açúcar porque se adaptam com facilidade. O estudo procurou "entender como é que elas funcionavam."

"Além do sequenciamento, fizemos uma série de trabalhos genéticos e compreendemos que essa levedura tem uma capacidade enorme de competir e se reorganizar dentro da guerra biológica que ocorre durante o processo de produção de etanol", explica.

O grupo identificou diferenças em relação aos organismos dessa espécie ao estudar o genoma da levedura. Segundo Pereira, a Saccharomyces cerevisiae apresenta uma grande variabilidade e capacidade de resistir às mudanças ambientais e a outros tipos de estresse.

"Para sobreviver, essa levedura desenvolve uma capacidade impressionante de promover mudanças internas que a tornaram mais resistente a condições adversas", reforça.

Arsenal genético

O estudo aponta que a levedura desenvolveu a "competência" de ampliar o número de genes que lhe são benéficos, ao mesmo tempo em que reduz a quantidade dos que não são. Segundo Gonçalo Pereira a levedura contraria tudo o que se pode esperar de um processo de fermentação microbiológica.

"Ela reorganiza os genes de tal forma e com tal velocidade que, se ela possui um gene especialmente importante, consegue ampliá-lo várias vezes. E descobrimos que ela faz isso com os genes localizados na ponta dos cromossomos, estabelecendo uma série de variantes. Ela é capaz de se transformar completamente", disse.

Segundo o pesquisador, a pesquisa prossegue tentando entender em detalhes como esse mecanismo de transformação ocorre. Ao compreendê-lo profundamente, diz, "teremos condições de empregar a engenharia genética para manipular a levedura."

"Estamos vivendo no Brasil uma verdadeira revolução do ponto de vista tecnológico. Nosso objetivo é domesticar esse microrganismo e reprogramá-lo de forma eficiente para produzir mais etanol ou etileno, a partir da cana-de-açúcar", diz.

Inovação Tecnológica Alex Sander Alcântara - 22/10/2009

Grandes frigoríficos e ONG fecham acordo contra desmatamento



Momento da assinatura dos representantes dos frigoríficos/Foto: Reprodução Greenpeace

A ONG Greenpeace assinou com os frigoríficos Marfrig, Bertin, JBS-Friboi e Minerva (os maiores do país) um compromisso para que estas empresas deixem de comprar carne de produtores que contribuem com o desmatamento da floresta. O acordo foi firmado na segunda-feira, 5 de outubro. Segundo a entidade, 80% das áreas desmatadas na Amazônia são ocupadas pela pecuária.

Para o diretor da campanha do Greenpeace, Paulo Adário, este é um passo fundamental no combate ao desmatamento. "É incrível que o principal setor responsável pelo desmatamento esteja comprometido com a integridade da floresta", destacou.


Pecuária em áreas de preservação ajudam a desmatar a Amazônia

Segundo ele, o compromisso inclui uma agenda com seis pontos, como o monitoramento do desmatamento na cadeia produtiva e cadastro de todas as fazendas produtoras. "O prazo depende do tipo de fornecedor. Para o boi de corte, os frigoríficos têm seis meses para identificar todas as fazendas. Já para os criadores de bezerros, por exemplo, são dois anos", explicou Adário.

O compromisso firmado pelas empresas também deverá refletir na política externa brasileira. De acordo com Adário, durante a 15ª Conferência das Partes sobre o Clima (COP-15), que será realizada em dezembro, na Dinamarca, "será positivo para a imagem do país mostrar que seus maiores produtores estão comprometidos com o meio ambiente".

De acordo com estudos do Greenpeace, um hectare da floresta é transformado em pasto para gado a cada 18 segundos. Para o diretor da ONG, Marcelo Furtado, o consumidor brasileiro poderá, em breve, comprar carne com a certeza de que não está contribuindo para o desmatamento. "É segurança para o consumidor, que saberá exatamente que está comprando sem agredir o meio ambiente", ressaltou.

Governo defende a construção de 30 usinas nucleares em três décadas




Governo brasileiro relaciona aumento da população brasileira até 2060 com a instalação de novas usinas

O reinício das obras da Usina Nuclear Angra 3 foi autorizado na sexta-feira, 2 de outubro, depois de o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, ter assinado a primeira ordem de serviço do contrato da construção, durante evento realizado na Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ). O governo brasileiro pretende construir 30 usinas nucleares em três décadas – uma a cada ano, no período que vai de 2030 a 2060.

Logo depois da assinatura, o documento foi guardado em uma espécie de “cápsula do tempo”, que pretende perpetuar a proposta tanto para os governos como para as gerações futuras. Para justificar a ideia de se construir uma usina nuclear por ano, o ministro Lobão citou a projeção que estima em 250 milhões de pessoas a quantidade de brasileiros em 2060. Na concepção dele, o aumento da população vai requerer o crescimento no consumo energético.

Em 2060, o consumo estimado de energia será de 4.380 quilowatts/hora (kwh) por habitante, o equivalente ao consumo atual de Portugal. A participação nuclear nessa capacidade instalada de geração seria de 24%, o que corresponde ao atual parque nuclear francês, que é de 60 mil MW (implantado em apenas 25 anos). Lobão salientou ainda que para atender às necessidades de demanda até lá, outras fontes alternativas, além da nuclear, serão utilizadas, tais como a biomassa, a eólica (dos ventos) e a solar.


Lobão: "Se não nos preparamos agora, pagaremos um preço muito alto no futuro"


Ele enfatizou que o desafio para os governos futuros é ampliar o consumo de energia per capita. Segundo informação da Agência Brasil, embora o país seja o nono maior consumidor de energia elétrica do planeta, ele ocupa a 78ª posição no mundo em termos de consumo por habitante. “Grande parte dos nossos lares ou não consome ou usa menos energia elétrica do que necessitaria para uma melhor qualidade de vida”, argumentou Lobão.

Angra 3

Segundo o ministro, a Usina Nuclear Angra 3 vai produzir uma energia limpa, essencial para o futuro do país. Apesar de ainda não ter nenhuma definição quanto à localização das quatro usinas nucleares que serão construídas no Nordeste e no Centro-Sul do Brasil, Edison Lobão assegurou que já existe no país a conscientização das vantagens que esse tipo de energia representa, ao contrário do que ocorria no passado.

“Hoje, todos os estados pedem para que se localizem ali essas plantas novas, a exemplo do que ocorre na França, onde as regiões disputam as usinas nucleares, porque já se percebe que estas usinas não causam nenhum malefício ambiental”, afirmou.

As usinas do Nordeste serão as primeiras que integrarão as novas centrais nucleares brasileiras. Em longo prazo, a ideia é que cada central tenha seis usinas, informou o presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva. As duas plantas da região nordestina terão capacidade de geração entre mil a 1,2 mil megawatts (MW). Othon Luiz revelou que o custo de cada uma dessas usinas será de US$ 3 mil por quilowatt (kw) instalado, o que totaliza um valor em torno de US$ 3 bilhões.

Críticas

Mas a tendência de expansão da energia nuclear no país está longe de ser vista com bons olhos por grupos ambientalistas e especialistas no assunto. Em entrevista concedida à revista Época em junho de 2008, o físico José Goldemberg afirmou que a construção de novos reatores nucleares trata-se de “politicagem” e questionou os que defendem uma possível independência energética do Brasil por meio dessa alternativa.

Para o cientista, vencedor do prêmio Planeta Azul, considerado o Nobel do meio ambiente, o governo faria melhor se investisse mais nos segmentos hídricos e eólicos.

Já a ONG Greenpeace chegou a ingressar na justiça contra a construção de Angra 3 (atualmente em obras). No dia 5 de março, a nota divulgada pela ONG afirmava que os ativistas não iriam permitir que o governo “embromasse o povo brasileiro investindo bilhões de reais de dinheiro público em um projeto ultrapassado, que ameaça a sociedade e o meio ambiente”. Na ocasião, a coordenadora da campanha, Rebeca Lerer, salientou também que o projeto de instalação não trazia segurança energética.

A Usina Angra 3 tem previsão de conclusão para dezembro de 2014. Sua capacidade de geração será de 1.350 megawatts (MW), a mesma de Angra 2, enquanto Angra 1 produz 650 MW. As três usinas ficam no estado do Rio de Janeiro, sendo que as duas primeiras foram construídas a partir de um acordo da ditadura militar brasileira com o governo alemão, em 1975.

Cientistas desenvolvem bioquerosene a partir de óleos vegetais



Óleo vegetal extraído do urucuzeiro pode ajudar na produção de bioquerosene


O combustível utilizado em aviões costuma ser poluente e caro, mas um processo inovador para a produção de bioquerosene a partir de diversos óleos vegetais, desenvolvido por pesquisadores da Faculdade de Engenharia Química (FEQ) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) pretende mudar essa realidade. A patente da tecnologia já foi adquirida pela Agência de Inovação da entidade (Inova Unicamp).

“A maior contribuição do processo de obtenção do bioquerosene são os altos índices de pureza do produto final. Outra é a possibilidade de utilização de praticamente qualquer tipo de óleo vegetal como matéria-prima”, afirmou à Agência Fapesp Rubens Maciel Filho, professor do Departamento de Processos Químicos da FEQ e coordenador do estudo. Depois de sua extração e refino, o óleo é colocado em um reator junto com uma quantidade específica de etanol e um catalisador, responsável por acelerar as reações químicas.

Segundo Maciel Filho, o processo pode ser dividido em duas etapas iniciais. Na primeira delas, ocorrem reações químicas por meio de um catalisador. Já na segunda, as relações de óleo-etanol são melhoradas em relação aos fatores temperatura e tempo, com o objetivo de se atingir a melhor conversão dos óleos em bioquerosene purificado.


Bioquerosene deverá substituir o combustível fóssil usado na indústria da aviação/



No interior do reator se dá a reação de transesterificação (do álcool com o óleo vegetal) que leva à formação do bioquerosene, menos poluente que os combustíveis de origem fóssil por não emitir enxofre, compostos nitrogenados, hidrocarbonetos ou materiais particulados. “Além de ser feito a partir de óleos vegetais, outra vantagem ambiental desse combustível renovável é que, ao emitir dióxido de carbono no ar em altitudes elevadas, ele contribui para o crescimento das plantas no solo, que absorvem o CO2 e conseguem manter seu balanço energético”, destacou o pesquisador.

Produção

Na segunda etapa de produção, os pesquisadores separam todos os produtos da reação: o bioquerosene, o catalisador, a água e a glicerina. O isolamento é feito em uma unidade de separação em condições de temperatura e pressão que tornam o biocombustível economicamente viável. A dosagem precisa das proporções de óleo vegetal, álcool, catalisador e temperatura adequada é o segredo do processo.

“Conseguimos um grau de pureza que chega a 99,9%. Não há registros de produtos semelhantes no mercado brasileiro ou internacional. E é exatamente esse alto nível de pureza que permite a utilização do biocombustível em altas altitudes”, ressaltou Maciel Filho, que também coordena o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Biofabricação (Biofabris), um dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs).

Depois da criação e aperfeiçoamento da tecnologia, o bioquerosene foi enquadrado dentro dos requisitos para combustível de aviação estabelecidos pela Agência Nacional do Petróleo (ANP). “A tecnologia já está em processo de transferência para as empresas interessadas”, informou Maciel Filho.
Fonte:
http://www.ecodesenvolvimento.org.br